Vida*

Ontem comecei a escrever, mas apaguei tudo. Decididamente não estava nos meus dias. Há uns tempos para cá que nunca estou nos meus dias.
Há coisas que por mais tentemos não ligar, afectam-nos. Fazem termos uma dor estranha, que mais parece que nos estão a arrancar o coração.
Ontem foi sem duvida um dos dias em que tudo isso me doeu mais. Acordei com um vazio assustadoramente maior que os outros dias.
Às vezes é estranho sentir a vida cheia de nada…

Assusta!

Tive vontade de me virar para o outro lado e dormir o dia todo ou dormir até que tudo isto mude de uma vez por todas. Mas tive que me levantar e enfrentar mais um dia de trabalho.
A manhã passou-se e nada de me sentir melhor. A tarde… só me fez sentir pior. Precisei de sair… e imaginem o que é caminhar num jardim cheio de sol, cheio de flores, cheio de vida e … de bancos. Bancos ocupados com miúdos e miúdas a curtirem mais uma tarde de sexta-feira sem aulas. Bancos ocupados com miúdos e miúdas mais crescidos (tipo da nossa idade), a aproveitar o sol, de mãos dadas. Bancos ocupados… com amor.
Cada um com a sua maneira de o mostrar, mas cada um com o olhar brilhante e com a vida cheia de algo.
Às vezes assusta, ver os anos passar e ver o vazio crescer, crescer, crescer…
Eu sei que o meu grande problema sou eu própria. Quem em conhece bem, sabe que eu sou uma rapariga cheia de fantasmas, medos e inseguranças.
E por tudo o que já passei deixei eles crescerem e deixei que ocupassem um grande espaço na minha vida. Deixei e não liguei…
Se por um lado muitas coisas serviram para eu ser uma pessoa mais forte, por outro serviram para eu ser uma insegura de primeira categoria.
Enfim…

Às vezes assusta!