Chamo-lhe Orgulho!

Tinha que contar isto! Sei que a muitos pouco ou nada interessa, mas a mim diz-me muito…
Poderia começar com o “era uma vez”… Quando somos pequenos a nossa vida parece-nos um conto de fadas. Basta fechar os olhos… em dez minutos conseguimos ser as personagens que quisermos… princesas, bruxas, fadas…
Neste caso, não faz muito sentido o era uma vez… mas ela merece-o, pela força que teve.

Era uma vez…
Uma menina chamada Maria. Comecemo-nos na escola e descobrimos que éramos vizinhas.
A Maria e eu crescemos juntas. Frequentava a casa dela, assim como ela frequentava a minha. Era uma vida normal, para duas crianças. Um dia, a vida dela começou a entrar numa decadência alucinante. A mãe adoeceu… O pai sempre mostrou que pouco ou nada gostava dela. A pessoa mais importante da vida dela estava a largar-lhe a mão.
Ainda hoje consigo “ver” a mãe dela doente, sentada numa cadeira.
A vida ia-se compondo, para uma criança era difícil imaginar a gravidade da situação… Até ao dia em que a mãe da Maria lhe largou a mão para sempre. É assustador pensar no que vivi e no vi que no olhar dela quando ela percebeu que a mãe tinha partido para sempre… Que nunca mais estaria ali…
A vida dela deu uma volta que ninguém imagina. O pai dela, posso dizer que tinha por ela um sentimento parecido com ódio. Sempre adorou a irmã dela…
Alguém imagina o que é uma miúda ter que ser adulta à força? Em pouco tempo a vida de criança feliz, fugiu-lhe das mãos. Com pouco mais que 9 anos, passou a ter que tratar de tudo em casa, a tratar da irmã mais nova, a aprender as coisas mais básicas da vida… sozinha, e a viver com um pai que não gostava dela.
E fosse só o não gostar… Ele não a deixava ter amigos. Chegamos ao ponto de escrever cartas uma à outra, porque era a única forma de falarmos. Com o tempo o pai pôs a irmã contra ela e a miúda descobriu uma carta nossa e contou ao pai. O pai revirou tudo e queimou as cartas todas que encontrou.
A vida dela piorou ainda mais, quando o pai se lembrou de levar para casa uma mulher, o irmão dessa mulher, a filha dela e o namorado da filha. Se já viviam em dificuldades, pior ficou. Passou a ser como um inferno…
Aguentou uns anos… podia ter-se habituado ao sofrimento, mas a Maria, nem assim desistiu. Saiu de casa!
Arranjou maneira de ir para a França. Uma adolescente com um historial de sofrimento tão grande, teve coragem para se aventurar!!
Mas coisas também não correram bem. Escrevemo-nos durante algum tempo… Até que ela voltou.
Completamente sozinha, porque a pouca família que tinha não queria saber dela e nem ela queria saber deles.
Era hora de começar uma vida nova.
A Maria apaixonou-se…
A Maria casou…
A Maria tem um filho lindo!!!!
A Maria é agora uma mulher … feliz não! Muito feliz!!!

Orgulho-me tanto dela!

4 Comentários:

Gabriela... disse...

Tinhas-me avisado que me ia tocar... mas tocou cá mesmo no fundo!
Estou aqui a chorar.
Só consigo repetir uma coisa "...feliz não! Muito feliz!".
A prova de que podemos virar o nosso mundo e sermos felizes.
Eu agora também sou feliz, não só feliz muito feliz!

Anónimo disse...

É bom ver que depois de tanto sofrimento as coisas conseguem compor-se e finalmente as pessoas tem tudo o que sempre mereceram...
Infelizmente a maria não será a única...
:(

Jorge disse...

Tinha uma história parecida pra contar... apenas ainda não está muito feliz. Mas há de ser!

Obrigado por nos contar isso Cláudia. :)

Bjs*

Anónimo disse...

Era bom que todas as historias acabassem assim, mas como a esperança é a ultima a morrer...

Um dia todos seremos assim ;)